quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lendo Jack Goody






O Roubo da História: como os europeus se apropriaram das idéias e invenções do Oriente é um livro que precisa ser lido, sobretudo, pela intelectualidade brasileira que emana em seus estudos e idéias o mais real eurocentrismo, enfim, mais realista que o rei. Nem a própria Europa, atualmente, é tão etnocêntrica quanto nossos eurocentristas. Mas esta é uma questão para outro momento.
Jack Goody (http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_Goody) um conceituado antropólogo inglês desmonta, com uma imensa carga de argumentos comparativos e embasados em longos anos de estudo, a farsa inconsciente ou consciente produzida pelas ciências humanas e estudos históricos europeus que legaram ao Oriente o atraso econômico, o autoritarismo despótico, a incapacidade de produzir conhecimento científico.
A farsa produzida sobre as bases de um saber objetivo e imparcial retirou do Oriente e da África a capacidade de produção de valores básicos (democracia, individualismo, amor etc.) presentes em qualquer agrupamento humano, conforme inúmeras pesquisas etnográficas e arqueológicas vêm demonstrando.
Da mesma forma contesta as visões idílicas da Idade Média européia, uma vez que sendo o momento do inicio da idéia de Europa têm sido vangloriada apesar de ter sido um período violento, repressivo e dogmático.


Apresento trecho em que Goody discute a Invenção da Antiguidade, em específico a questão Política. Chamou-me a atenção pelo fato de sua afirmação estar diretamente ligada a nossa própria época. Sobre a questão política ele contesta o legado da antiguidade clássica em seus aspectos básicos: democracia, liberdade e a prática da lei. A transcrição é de um trecho em que ele analisa a questão da prática da lei, afirmando que mesmo em sociedades de tradição oral houveram leis complexas estabelecidas:

“(...) De fato, a noção de “domínio da lei” é interpretada pelos membros de culturas letradas de modo estreito. Manuais foram escritos sobre o direito dos nuer, dos tswana e outros. A lei oral acabou sendo incorporada aos códigos escritos das novas nações das quais passaram a fazer parte. É verdade que fatos recentes na África subsaariana podem dar a impressão de que “o domínio da lei” não existe no continente. O mesmo, porém, pode ocorrer com relação aos recentes eventos no Iraque, Bálcãs, ou na Europa Oriental, e por vezes mesmo na Europa Ocidental. O uso da força militar onde quer que ocorra é o oposto ao domínio da lei, mesmo que essa surja como resultado das ações militares. (pp. 72-73)

Em outro trecho Goody interpreta a questão das conexões e continuidades entre o “mundo clássico” e o oriente:

“(...) a meu ver, a tendência para rejeitar conexões orientais remonta a problemas mais gerais de ‘raízes’ e etnocentrismo, agravado pela expansão do Islã a partir do século XVII, às derrotas nas Cruzadas e à perda cristã de Bizâncio. Naquele tempo, a oposição entre Europa e Ásia tomou a forma de uma oposição entre Europa cristã e Ásia islâmica, que herdara os estereótipos mais antigos de “Europa democrática” e “Ásia despótica”. (...) Num nível mais amplo, o etnocentrismo nos separa dos outros e ajuda a definir nossa identidade. Mas é um mal guia para história, especialmente para a história mundial.(p. 75)

Está aí para o desfrute geral, boa leitura e reflexão: http://www.editoracontexto.com.br/produtos.asp?cod=388

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Momento Ginkobiloba


Pra refrescar a memória do eleitor, denuncia de tráfico de influência contra Marconi, e captação ilícita de recursos contra Marconi e o atual governador Alcides. Deu na Época:
Petição do procurador geral da república denunciando nossas excelências:
Documento em que a Desembargadora Beatriz Figueiredo negando a liminar, conforme pedido de Marconi, confirmanria o tráfico de influência:
Tais denúncias podem até terminar em Pizza mas nas urnas queimaremos estes sujeitos do velho tempo novo coronelístico, autoritário e corrupto que vem governando Goiás nos últimos 11 anos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sexismo e futebol

Gostaria de conversar sobre a questão do sexismo no futebol. Sabemos que o racismo, o machismo, a homofobia, enfim, a depreciação do diferente emerge no momento das competições. Isso ficou visivel com o fim do campeonato brasileiro de futebol, série A, alguns eexemplos que retiro do Twitter e do MSN são evidências dessa emergência.

Aqui um de meus contatos no msn afirma que é o primeiro campeão heterossexual desde que os pontos corridos foram instituidos no campeonato.


Já neste caso um colega que sigo no Twitter diz que este ano viado não irá comemorar o campeonato.
Vocês poderão dizer que isto é querer forçar a barra para o politicamente correto, mas são nestes pequenos gestos que elementos depreciativos mantém os preconceitos e discriminações que causam as adscrições em nossa sociedade.
Não vejo muita diferença nestas palavras dos gestos de selvageria dos torcedores organizados em seus exércitos brancaleônicos.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O quarto poder e a farsa da objetividade científica



Artigo de Idelber Avelar na Revista Fórum de novembro analisa o tipo de intelectual que tem respaldo e respalda a grande mídia. http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7823 "Acadêmicos amestrados" é o título e a alcunha para uma estratégia de manipulação e controle de idéias. Ou seja, só expõe idéias na mídia certos intelectuais que têm uma mesma postura e defendem idéias que os diretores de jornalismo crêem, ou que os anunciantes defendem.

Não há debate transparente de idéias, mas sim uma manipulação de idéias que afirmam ser verdadeiras, uma vez que os acadêmicos são chamados para opinarem sobre assuntos em que são especialistas, porém sempre são os que defendem uma mesma idéia. Nada mais fazem do que seguir a cartilha de Joseph Goebbels. Em Goiás mesmo, nenhum grande meio de comunicação publicou algo sobre as postagens anteriores que denunciam e citam políticos goianos da “direita” em esquemas de caixa dois, improbidade administrativa entre outras falcatruas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Arruda em Goiás é mato!

Interessante que o campeão da moralidade Sen. Demóstenes Torres também consta nas doações, assim, como a Rachel Azeredo com sua empáfia de moralista. E o Cidinho também não poderia faltar, assim como Maguito, Thiago Peixoto e José Nelto (este é o que prega que polícia tem que matar bandido - já pensou se a polícia resolve fazer isso mesmo, inclusive matar tubarões e baleias?)
Bom, mas eu sei que eles estão sendo vítimas de um complô da oposição, coitados... de nós!
Dúvido que o DM, O popular, TBC, JC, TV Goiânia, Record Goiânia, Serra Dourada noticiarão mais este escândalo.


Caixa de Pandora: empresas doaram cerca de R$ 2 milhões para campanhas em 2006



As empresas Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet, citadas na Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, cujo foco é a puração do "mensalão brasiliense", doaram cerca de R$ 2,1 milhões nas eleições de 2006. A campanha do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), por exemplo, foi contemplada com R$ 50 mil doados pela empresa Conecta Tecnologia em Sistemas de Comunicação, do grupo Vertax.



A Linknet Tecnologia doou R$ 2 milhões para 11 políticos, entre os quais se encontram a ex-governadora de Brasília, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), que recebeu R$ 600 mil, o deputado distrital Roberto Lucena (PMDB) com o recebimento de R$ 439,9 mil, e o governador de Goiás, Alcides Rodrigues Filho (PP), agraciado com R$ 400 mil.

Também foi agraciado o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), com R$ 58,1 mil e os peemedebistas candidatos à época, Everardo Alves Ribeiro (R$ 20 mil), Laerte Rodrigues Bessa (R$ 40 mil), Luiz Alberto Maguito Vilea (R$ 300 mil), Marcelo de Araújo Melo (R$ 50 mil), Rachel Azeredo Souza (R$ 26,8 mil), José Nelto Lagares das Mercez (R$ 27,1 mil) ;e Thiago Mello Peixoto da Silveira (R$ 50 mil).

A Infoeducacional, com sede em Minas Gerais, mas com operação consistente em Brasília, contribuiu apenas para a campanha do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PMDB), com R$ 1 mil. A empresa Adler Assessoramento Empresarial não tem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como doadora de campanha em 2006.

A construtora Conbral S/A também foi citada nas investigações da Polícia Federal, mas nos documentos tornados públicos até agora não se sabe qual seria o seu envolvimento. A empreiteira doou, em 2006, R$ 10 mil para a campanha da atual administradora de Brasília, Ivelise Longhi, que foi candidata à deputada distrital.

O advogado da Conbral S/A Construtora Brasília, Maurício González, afirma que o inquérito está sendo estudado na íntegra, mas garante que a Conbral foi surpreendida. “Ao que tudo indica, o Durval errou o nome da empresa na hora do seu depoimento. Ele afirmou em seu depoimento que a construtora pertencia a alguém a que ele pretendia acusar e acabou citando outra que não soube sequer apontar o nome de um funcionário ou sócio. Estamos dispostos a oferecer toda a documentação necessária à Justiça, porque a empresa não participa de nenhum esquema”, afirma González.

Para o advogado da empresa, não há nenhuma ilegalidade na doação feita pela empresa a então candidata à deputada distrital Ivelise Longhi. “Se essa doação foi feita, e imagino que a empresa tenha mesmo feito umas duas doações naquela eleição, ela foi devidamente registrada na prestação de contas para o TSE, dentro da legalidade”, diz o advogado.

Nenhum representante da Adler, Linknet e Infoeducacional foi encontrado. A empresa Vertax não retornou às ligações da equipe de reportagem.

Caixa de Pandora

De acordo com a Polícia Federal, as quatro empresas que prestam serviços para o governo local teriam levantado R$ 600 mil para que Arruda, supostamente, oferecesse os recursos à base governista. Primeiro, as empresas teriam repassado o dinheiro ao GDF que, por sua vez, o encaminharia aos aliados.

O governador Arruda, o vice-governador Paulo Octávio, assessores do governo do DF, deputados distritais e empresários são citados na operação da PF que aponta suposto esquema de corrupção com superfaturamento de contratos, irregularidades em licitações e pagamentos de propinas. A operação Caixa de Pandora foi deflagrada na última sexta-feira (27).

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu nesta segunda-feira (30) apresentar um pedido de impeachment contra o governador Arruda, por crime de responsabilidade. Contudo, o pedido ainda deverá ser analisado pelos conselheiros da seccional do DF.

Acompanhe o Contas Abertas no Twitter.

Amanda Costa e Milton Júnior
Do Contas Abertas

Eita goiazão véi!!!!

Estamos bem de candidatos para governador. O outro favorito, quebrou a Caixego, surrupiou o Beg, entre outras peraltices multirânicas. 
Enquanto isso, a grande mídia se cala!


29/11/2009


Pré-candidato, Marconi é acusado por problemas na primeira gestão



MP apurou que um avião oficial do governo foi ao Rio buscar dinheiro ilegal para campanha em 2000


Foram duas as ações propostas pelo Ministério Público contra o senador que remetem ao seu período como governador de Goiás; situações envolvem Celg e propaganda ilegal

Da Redação


O Ministério Público de Goiás ofertou denúncia contra ex-governador e atual vice-presidente do Senado, Marconi Perillo, à Justiça por desvio de dinheiro e suspeita de caixa dois eleitoral. As acusações remetem ao período em que Perillo foi governador do Estado. O tucano cumpriu dois mandatos, de 1999 a 2006. O atual senador e pré-candidato ao governo de Goiás é acusado de improbidade administrativa, por ter autorizado a contratação de uma fundação do Rio de Janeiro para prestar serviços de consultoria à Celg.
De acordo com informações do MP, ao realizar a quebra do sigilo da fundação carioca e das outras empresas envolvidas no caso, descobriu-se que parte do valor do contrato, que totalizava R$ 4,5 milhões, voltou para Goiás e teve como um dos destinatários o empresário Janides de Souza Fernandes, que foi presidente do extinto Banco do Estado de Goiás (BEG) durante o governo do tucano. Informações do jornal paulista Estado de São Paulo, que teve acesso à denúncia, Fernandes teria recebido em sua conta bancária R$ 561 mil.


Campanha 
A quebra do sigilo bancário da Pro-UniRio apontou que, do valor recebido pela entidade, R$ 1,8 milhão foram sacados em dinheiro. Em depoimento à Promotoria, Rita dos Anjos, ex-funcionária da fundação, revelou que esse dinheiro teria sido destinado à campanha da hoje senadora tucana Lúcia Vânia à Prefeitura de Goiânia, em 2000. A testemunha declarou que um avião oficial do governo de Goiás teria pousado no Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio, para buscar o dinheiro. Perillo e Vânia negam e a senadora, mesmo citada diretamente na denúncia, está fora do rol de denunciados.

A Pro-UniRio, extinta em 2002, era ligada à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Seu contrato com a Celg foi assinado em 2000. A missão da fundação era revisar as contas da estatal e tentar melhorar seu desempenho financeiro, principalmente na área tributária.
A Promotoria alega que, após ser contratada, a fundação terceirizou o serviço. Como governador, Perillo assinou em 16 de março de 2000 ato que abriu caminho para a contratação.

Bloqueio
Em meio à sequência de transações, o Ministério Público detectou um saque em espécie de R$ 1,8 milhão – o dinheiro que, segundo a acusação, teria sido destinado à campanha municipal do PSDB goiano em 2000.
A denúncia, assinada pelos promotores Fernando Krebs e Abrão Amisy Neto, foi ajuizada na última sexta-feira na 2ª Vara Cível de Goiânia - como a acusação é de improbidade administrativa, segundo o Ministério Público, não teria foro privilegiado. Na seara criminal, a contratação da Fundação Pro-Uni-Rio é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal.

Os promotores pediram o bloqueio de bens dos réus – além de Marconi, outros 17, entre pessoas físicas e jurídicas – no valor necessário ao ressarcimento da Celg. No mérito, requerem a condenação nas sanções da Lei de Improbidade (artigo 12, II e III da Lei 8.429/92).
Outra ação também é proposta contra Perillo
Denúncia envolve o deputado Sandes Júnior e também remete a campanhas eleitorais frustradas
Já em uma segunda ação, proposta no dia 24, o senador Marconi Perillo é acusado, juntamente com o deputado federal Sandes Júnior, de fazer uso indevido de propaganda eleitoral. Pelo documento, em setembro de 2004, o então governador Marconi teria organizado a veiculação da propaganda eleitoral de seu governo, abordando serviços realizados em Goiânia, logo após a propaganda partidária do então candidato a prefeito da capital, Sandes Júnior.
 
Segundo averiguado pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público, Fernando Krebs, as publicidades possuíam “nítida e indisfarçável semelhança, transformando a propaganda oficial – que não deve ter finalidade político-partidária – em extensão do programa eleitoral gratuito”.

Dessa maneira, utilizando essas propagandas, pagas com dinheiro público, para beneficiar o candidato que estava apoiando nas eleições municipais de 2004, ele incorreu em ato de improbidade. Na ação, foi ressaltado que, à época, a propaganda foi declarada ilegal pela Justiça Eleitoral e suspensa.
Assim, nesta ação, o Ministério Público de Goiás requer o bloqueio dos bens dos réus para o ressarcimento integral ao Estado da quantia gasta com as publicidades, no valor de R$ 215.578 mil, devidamente corrigidos.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Turbilhão Afrociberdélico

Esta semana teremos um turbilhão de atrações musicais ocorrendo por vários pontos de Goiânia. Falo do turbilhão porque dois grandes eventos ocorrerão quase simultaneamente: IV Projeto Intercâmbio Empório da Música e o XV Goiânia Noise/Brasil Central Music Conference.
O projeto Intercâmbio é desenvolvido pelo Fórum Nacional de Música que congrega autores-produtores independentes. Já o Noise quase dispensa apresentações vêm afirmando Goiânia como uma cidade que produz rock e não apenas duplas sertanejas.
Tanto um quanto o outro evento sofrem este ano uma inflexão, uma mudança de rumos interessante e feliz, ou seja, paltam-se para uma abertura na amplitude dos gêneros e linguagens musicais.
O Intercâmbio em geral foi um festival mais voltado para a MPB, o que não continua deixando de ser, porém, dialoga com o rap, o reggae e os ritmos afro-brasileiros de linhagens regionalistas nesta edição de 2009. Este evento ocorrerá no Campus II da UFG, o que parece ser sua principal desvantagem – a distância –, apesar de poder contar com o público universitário. O teatro da Escola de Música e Artes Cênicas, o Centro de Cultura e Eventos, além de uma tenda entre os dois espaços constituírão o território de materialização do Intercâmbio. A programação completa se encontra aqui: http://www.republicadocerrado.org.br/pagina.asp?pagina=5881
Já o Noise surpreende com o estabelecimento e ampliação dos diálogos com gêneros musicais para além do rock. Não sei o quanto de vanguarda há nesta guinada, porém, percebo uma proximidade com o Abril Pró-rock de Recife, que apesar do nome sempre foi extremamente eclético, o que não tira o mérito da transformação. A novidade maior, para mim, é a descentralização, ocorrendo em vários espaços, pelo Centro, setor Sul e Goiânia Viva. Agora o desafio que fica é para os próximos anos: que tal colocar os roqueiros classe média na perifa e levar o hip-hop para o centro? Veja a progamação aqui: http://www.monstrodiscos.com.br/noticia.php?indice=423
Para nossa infelicidade os eventos ocorrem simultaneamente. Façam suas escolhas e divirta-se a valer. Que este turbilhão reverbere a Afrociberdelia!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eu repudio a Uniban

Ao expulsar a aluna Geyse a Universidade Bandeirante demonstrou claramente traços de autoritarismo e falta de ética para tratar conflitos que servem justamente para a formação moral e ética da comunidade universitária, cujos elementos fazem parte de uma sociedade maior.
Acho inaceitável o desfecho dado no caso. A "universidade" poderia ter revertido  caso em debate sobre o lugar da mulher, sobre a questão da liberdade, do direito de ir e vir, de ser tratado com eqüidade, enfim, basicamente trata-se de dignidade. Mais interessante é saber que uma professora do Grupo de Estudos em Direito da Uniban tem o seguinte projeto de pesquisa: Globalização e dignidade humana: uma visão constitucional. Cf. http://www.uniban.br/pesquisa/projetos_a.asp Outro elemento que me chamou a atenção é de que reitor, vice-reitor/conselheiro de graduação, conselheira de pó-graduação, e a própria professora do projeto citado não possuem currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/

Assine a nota de repúdio à Uniban:

Faxina étnica uma questão de classe

O Círculo Palmarino é uma corrente nacional do movimento negro criada em Vitória no Espírito Santo, seu lema é: fortalecer a resistência negra ao liberalismo. 
Há um manifesto publicado no blog: Faxina étnica uma questão de classe. Eu gostaria de compartilhar e principalmente pensar sobre as recomendações feitas no documento. Creio que elas podem e devem ser propostas para nossa realidade regional marcada por outras, mas bem próximas daquelas situações de violência, racismo, e autoritarismo estatal.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

As escolas estão tomando consciência?


Entendo esta tomada de consciência mais como uma inflexão forçada pelo alto, através das cobranças feitas nas avaliações do MEC. Porém, é uma mudança importante que deverá contribuir para uma educação que tenha sentido e seja significativa para nossas crianças e jovens, bem como para os próprios professores. 
Pena  que no caso de Goiás a Secretária (Estadual) ainda empurra um currículo conteudista e extenso que não é sensível as realidades de nossos alunos e professores. Por outro lado, a escola se preocupa com o conteúdo que é empurrado aos alunos ao longo do ano, gerando inclusive o que alguns chamam de estelionato educativo, já que é impossível trabalhá-los por completo, por uma série de fatores que talvez discutamos em outro momento. 
Os alunos, por sua vez, não entendem a importância daqueles conteúdos enfadonhos, desconectados de suas realidades. Nem mesmo os próprios professores vêem importância e sentido nos conteúdos, mas como a relação  que se estabelece é de cobrança do conteúdo definido para determinada série.
 É fato lembrar, que o currículo pode ser  uma orientação, que a Secretária pode até atualizado  os currículos para uma abertura mais temática e calcada em projetos e planejamento. Mas para os coordenadores  pedagógicos de muitas escolas ele é um  documento quase sagrado. Na verdade, no caso da educação publica estadual, falta um diálogo franco, falta clareza, sensibilidade, mas sobretudo falta respeito e valorização ao educador, perdido no vendaval de transformações muito rápidas no âmbito do conhecimento e da própria vida cotidiana, nas cobranças exacerbadas, da responsabilidade tremenda, da falta de estrutura, dos mandos e desmandos e principalmente de uma total inexistência de um programa de estado  para a educação. 
Até quando estaremos a mercê dos burocratas e técnicos que valorizam papéis, planilhas, gastos e receitas, porém não compreendem a importância da autonomia da escola, e de que a escola deve ser um espaço de produção de conhecimento e não apenas reprodutora? Mas para esta mudança a família, a sociedade, a universidade deve se aproximar da escola. Muitas saídas, vários caminhos, que eu não deverei definir ou descrever algum aqui deixo para Lino de Macedo. Resta manter a chama viva e imune ao “burn out”. 

Folha de São Paulo, 01/11/2009 - São Paulo SP
As escolas estão tomando consciência
LINO DE MACEDO ESPECIAL PARA A FOLHA
No Brasil, a valorização de um ensino por competências e habilidades na educação básica foi desencadeada pelo Enem. Para a formulação deste exame, de acordo com o proposto nas Leis das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ocorreram-nos as seguintes questões: o que a sociedade, a família e os próprios alunos podem esperar ao término do ensino médio? O que levam para sua vida, do que aprenderam na escola? Qual é o valor de uma educação básica para todas as crianças e jovens do Brasil? Entendemos, então, que a melhor resposta para este tipo de avaliação externa seria verificar o quanto e o como os alunos sabiam pensar conteúdos disciplinares em termos de competências e habilidades a eles relacionadas.

O reconhecimento social desta forma de avaliação repercutiu nas escolas, lembrando-as de que conteúdos disciplinares se não transformados em procedimentos ou modos de 
compreender as coisas acabam esquecidos ou substituídos por outros. Recuperou-se, assim, o compromisso de se educar para a vida nos termos atuais. Nesta nova perspectiva, os professores, designados pelas disciplinas em que são especialistas (matemática, língua portuguesa, história, artes etc.), devem se comportar como "profissionais da aprendizagem". O que era fim (os conteúdos disciplinares) agora são meios por intermédio dos quais os alunos aprendem a pensar, criticar, antecipar, argumentar, tomar decisões. Valorizar competências e habilidades na educação básica significa compreender crianças e jovens como capazes de aprender noções básicas das disciplinas científicas, expressar pontos de vista, viver contradições ou insuficiências e construir autonomia.

Trata-se, de modo geral, de aprender a ser competente para trabalhar em grupo, defender posições, argumentar, compartilhar
informações, participar e cooperar em projetos, definir, aceitar ou consentir em regras que organizam ou disciplinam o convívio escolar, respeitar limites de espaço e tempo. Trata-se, de modo específico, de aprender, por exemplo, a fazer cálculos para utilizá-los bem na resolução de um problema, que demanda compreensão, tomada de decisão, demonstração. Conhecer leis da biologia, química ou física entregando-se a suas verdades na prática, ou seja, reconhecendo que aquilo que está nos livros também pode acontecer na realidade. Quanto mais uma sociedade é livre, democrática, aberta e sensível à diversidade dos interesses e possibilidades de seus integrantes, mais o exercício da competência é requerido em situações do cotidiano da vida. Maravilha, que ela (a escola) está tomando consciência disto.  
LINO DE MACEDO é professor de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Educação do Instituto de Psicologia da USP e um dos formuladores do Enem.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Negro Drama: o rap rasura a história

Texto da comunicação apresentada no VI Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no Brasil, out./nov. de 2008.

Rimadores Pekizeiros: cultura hip-hop na roça asfaltada

Artigo meu publicado na Revista Brasileira do Caribe, Vol. 7, n. 13, Julho-Dezembro de 2006.
http://revistabrasileiradocaribe.org/revista_13.pdf

Apesar de ter sido publicado sem as devidas correções traz algumas conclusões de meu estudo sobre a cultura hip-hop em Goiânia no mestrado em História.

sábado, 26 de setembro de 2009

Como se faz ou se deve fazer justiça no Brasil!

Sinopse de Imprensa: Justiça condena pichadora da Bienal a quatro anos de prisão
26/09 - 13:57 - Redação

SÃO PAULO - A artesã e estudante, Caroline Pivetta da Mota, de 23 anos, acusada de pichar as paredes do pavimento da 28º Bienal de São Paulo, foi condenada nesta sexta-feira a quatro anos de prisão, em regime semiaberto, por formação de quadrilha e destruição de bem protegido por lei. A informação é do jornal "Folha de S. Paulo".

De acordo com a reportagem, a jovem não vai ficar presa, já que a Justiça permitiu que recorra em liberdade. O advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende Caroline, vai recorrer.

Caroline havia sido solta no dia 19 de dezembro de 2008 após mais de 50 dias na prisão. No dia da pichação, a jovem foi detida pelos seguranças e levada ao 36º Distrito Policial (Paraíso). Três dias depois foi presa na Penitenciária Feminina Sant’Ana, no Carandiru. Ré primária, dividia a cela com uma detenta.

Primeiros dois comentários:
Fernando
Acho q esta menina tem q pagar sim, ser presa enfim. Mas, Sarney, Gilmar Mendes (banqueiro Dantas !!!!!), Edmar Moreira (deputado do castelo), Renan Calheiros, PT, Alckmin e seu filho envolvido com contratos suspeitos com a saúde paulista, a filha do Alckmin e a Daslu.... Entre tantos outros... Prender a menina e deixar estes soltos é revoltante.


Macieira
Me lembro bem desta reportagem em que uma jovem foi presa por pichar a Bienal. Ela tentou fugir dos seguranças que a prenderam, sua mãe alegou que tinha problemas com ela pois era muito rebelde, mas que achava que ser presa e colocada em um carro de polícia era humilhante demais, ainda ficou de debolhe na viatura, rindo e abrindo a boca e fazendo caretas. Essa criatura é rebelde sem causa, porque não canaliza essa energia toda para fazer uma faxina em casa de família, encarar um tanque de roupa ou trabalhar duro na lavoura cortando cana de sol a sol. É mais um caso de um desocupado e mimado pelos pais, assim como aquele jovem que pichou as paredes do colégio e a mãe achou que era um absurdo fazer que o filhinho vagabundo dela, limpasse o que sujou. Trabalhar ninguem quer, mas fazer besteira, sujar e depredar o que não lhe pertence é muito fácil, ainda vem o advogado dessa vagaba, dizer que picher não é depredar. Pena que não picham o carro dele todo, a redidencia dele e seu escritório. Advogado de vagabundo vagabundo é, quem tem que ter defesa são pessoas de bem e não essa corja de desocupados que se cha por aí. Pena que aquele atirador de eleite que matou o meliante aqui no RJ ontem, não se achasse lá para meter fogo nessa nulidade que pichou a bienal.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2009/09/26/sinopse+de+imprensa+justica+condena+pichadora+da+bienal+a+quatro+anos+de+prisao+8656971.html

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tirem Jesus do ar







Régis Bonvicino expõe algo que me preocupa já algum tempo, principalmente ao ligarmos o canal 5, que é uma concessão para TV Educativa aqui em Goiás. Vale frizar que não concordo integralmente com Bonvicino, mas sua opinião merece uma postagem aqui.
Aqui o sinal da SescTV é retransmitido pela FonteTV (http://www.fontetv.com/ - não há nenhuma descrição ou definição da missão, dos objetivos, princípios que norteiam o uso da concessão publica pelo Sistema Fonte de Comunicaçao, apenas uma mera propaganda do conteúdo da programação), que de educativa só tem o nome. O pior é que sem fiscalização e sem a intervenção da sociedade organizada a concessão deverá continuar nas mãos de quem faz proselitismo eufemisado como educação.
Além de termos que suportar os programas dos cultos, na programação local temos programs de péssimo mau gosto e de qualidade duvidosa, como um feito para crianças (http://www.youtube.com/watch?v=R3jqrQ5PEEY) - patético -, e o pior, programas policiais, "Goiás contra o crime", apresentado por Deco Martins (http://www.youtube.com/watch?v=2ovke-dD9-A), não vejo nada de educativo, e ainda têm nos seus comerciais uma legenda de apoio cultural, quando sabemos que são "comerciais" no sentido literal do termo.
Ainda mais interessante, para não dizer tétrico, é o personalismo que gira em torno do Apóstolo e seu filho deputado, aliás o familismo amoral não é algo novo em nossa cultura social e política (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69091998000100006), mas o pior sou eu fazendo propaganda.

Tirem Jesus do ar
15/09 - 13:03 - Régis Bonvicino, especial para o Último Segundo
Em vez de se preocupar em “regulamentar” a internet em campanha eleitoral, único veículo livre, que tem, por isso, caráter de esfera pública no Brasil; único veículo livre, ao contrário dos jornais, das TVs e das rádios, que trabalham a liberdade como um produto apenas capitalista (serviço de notícias, de ficção, de entretenimento, sob o controle rígido de seus proprietários, visando ao lucro), o Congresso Nacional deveria se preocupar com as afrontas à Constituição e à cidadania praticadas pelas emissoras de TV e rádio.

Nenhuma emissora de TV ou rádio é – como explica Felipe Van Deursen – dona do canal em que sua programação é transmitida: todos os canais de sinal aberto pertencem ao Estado (isto é, ao povo) e são concedidos, temporariamente, às emissoras (Globo, Bandeirantes, Record), por meio de licitação. O Ministério das Comunicações analisa -- prestem atenção – sua proposta de programação, em termos de qualidade, e sua condição técnica e financeira. Aquele que tiver a melhor média de pontos obtém a concessão, ou seja, o direito de explorar determinado canal, por um período. Caso o Ministério das Comunicações verifique que uma emissora fez, por exemplo, uso do canal para fins ilegais, pode se recusar a renovar a concessão ou mesmo cassá-la antes de novo escrutínio. É mais fácil existir marcianos na Lua do que o Estado brasileiro enfrentar as redes.


Ilegalidades – verdadeiras afrontas à Constituição – ocorrem todos os dias no Brasil, com emissoras religiosas ou com os horários religiosos “sublocados”, na Record, na Bandeirantes e na Gazeta, entre outras muitas. O Congresso se cala. O Ministério das Comunicações se cala. Emissoras religiosas deveriam estar fora do ar. José Afonso da Silva ensina o que é liberdade de crença: “Na liberdade de crença entra a liberdade de escolha da religião, a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar de religião, mas também compreende a liberdade de não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo”. Sou agnóstico, no entanto, para mim não vale o princípio milenar “a liberdade de alguém vai até onde não prejudique a liberdade de outros”, quando tento assistir à TV aberta. Deparo-me sempre com bispos, bispas, padres, pais de santo, exus etc. Justo eu que penso – como Oswald de Andrade – que “Loyola é má companhia de Jesus”.
Pela concessão, o Estado brasileiro não transfere a propriedade ao concessionário, nem abre mão de qualquer direito ou prerrogativa pública, ou seja, delega a execução do serviço, que não pode ferir a Constituição. O Brasil é um Estado republicano, laico, no qual religião e Estado estão, há cem anos, separados. Os artigos 5º, VI e 19º, I, da CF, proíbem o Estado e seus agentes de professar, influenciar, ser influenciado, favorecer, prejudicar, ou financiar qualquer vertente religiosa. Em outras palavras, não há religião oficial no Brasil.
Transcrevo o inciso I e a cabeça do artigo 19: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. TV e rádio são o Estado e o Estado fez – no caso brasileiro – um pacto demoníaco com Jesus, em atentado à liberdade. Censura não é só a negativa, como no caso da censura prévia dos tempos da ditadura, ou a econômica, muito em voga. É também positiva, como no caso das TVs e rádios brasileiras, que rasuram os direitos dos ateus e agnósticos, com a “benção” do Estado (Executivo, Legislativo – estes de olho em votos – e Judiciário). E, sobretudo, rasuram a coisa pública, a esfera pública, que – hoje – encontra guarida na internet.
O artigo 1º, da CF, tem como primeira expressão a seguinte: “A República Federativa do Brasil...”. O conceito jurídico “república” é, hierarquicamente, o mais alto e pauta todos os demais. Decorrem dele a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. O atual artigo 19 repete o artigo 11 da primeira Constituição republicana brasileira, datada de 1891, que proibia o Estado de se imiscuir em cultos religiosos e declarava leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos. Do Positivismo de Augusto Comte herdou-se o caráter humanista, que concebeu o Estado acima de qualquer crença.

As TVs e Rádios religiosas ofendem os mais altos valores da democracia. Tiremos Jesus do ar, para depois discutir o baixo nível das programações das emissoras, que hoje prestam um verdadeiro desserviço público, antidemocrático, de pouca reflexão e muita “lavagem cerebral”, perpetuando o tédio crônico de nossas vidas.
http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/regis_bonvicino/2009/09/15/tirem+jesus+do+ar+8451934.html#comentarios

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Marina Silva e nosso futuro

Quem sabe Marina Silva possa por em prática suas idéias como presidente do Brasil.


Do pré-sal ao pós-carbono

07/09/2009


A descoberta do petróleo no pré-sal e suas consequências para o Brasil são assuntos de enorme importância, mas estão sendo discutidos de maneira que mais confunde do que esclarece.

Os recursos advindos dessa descoberta deveriam ajudar o País a construir os meios para a superação, ao longo do tempo, da dependência das energias fósseis e do modelo de desenvolvimento que elas simbolizam. Que produz bens e riqueza material e também pobreza extrema, degradação dos recursos naturais, poluição, doenças. E se escora em razões que parecem se bastar, sem levar em conta que tornam praticamente inalcançável, para a maioria das pessoas, uma vida digna e saudável.

É absurdo não perceber que a nova fonte de petróleo, que ainda será estratégico e indispensável por décadas, deveria servir ao propósito inovador de criar as condições de trânsito para aquilo que se mostra cada vez mais inescapável: uma economia de baixo carbono e uma sociedade pós-ideologia do consumo.

Para chegar a esse futuro, é fundamental entendermos hoje como as prioridades se relacionam. Tomemos a educação no Brasil. Precisa estar no topo das prioridades, não apenas para ser um sistema mais eficiente do ponto de vista tradicional, mas, sim, para colocar crianças e jovens em diálogo com os novos paradigmas que serão a marca deste século. Por sua vez, isso depende de pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento de novos materiais, fontes de energia renovável e práticas produtivas baseadas nos amplos recursos naturais de que o Brasil dispõe.

Nessa nova sociedade, a redução da pobreza e das desigualdades sociais será objetivo indissociável da educação de qualidade, da capacidade tecnológica, da sustentabilidade socioambiental, venham os recursos de onde vierem.

O ufanismo com os números do pré-sal não pode jogar para debaixo do tapete a necessidade de mitigar a emissão de carbono, ampliando o combate ao desmatamento e os programas de reflorestamento. A novidade, a rigor, só aumenta nossa responsabilidade ética em propor metas obrigatórias de emissão de carbono em Copenhague, no final deste ano. Pré-sal e o papel do Brasil em Copenhague não são assuntos estanques. São a mesma equação, embora a discussão em curso não reflita isso.

O desenho de um novo Brasil não pode estar contido na camisa de força da tramitação em regime de urgência do marco legal do pré-sal, feita para contemplar cronogramas políticos e sem a participação da sociedade, essencial porque estamos numa democracia e porque as questões reais precisam ter, pelo menos, chance de vir à tona.

domingo, 30 de agosto de 2009

Eita blog caro este do Edir Macedo

Mais de 107 mil reais para mantê-lo. Aceitando e solicitando doações.

Vais ser sem vergonha assim lá no inferno!
Peguei está notícia no Blog Rap Original http://raporiginal.blogspot.com/

Não somos racistas?



Acontecimentos recentes reafirmam mais uma vez nosso racismo e a violência produzida por ele contra o povo negro no Brasil.
Os diversos casos no Carrefour:


Episódio recente envolvendo PMs e um adolescente negro no Rio:


Esse racismo está registrado e é difundido nos cursos de direito e de formação da polícia, como bem demonstra estes exemplos de dois manuais de criminologia:
“Passado um século dessa abolição, o negro ainda não se ajustou aos padrões sociais e o nosso mestiço, o nosso caboclo, em geral é indolente, propenso ao alcoolismo, vive de atividades primárias e dificilmente consegue prosperar na vida. É este tipo que normalmente migra e forma as favelas dos grandes centros demográficos. Ele forma um vasto contingente, sem instrução e sem nível técnico, não consegue se firmar socialmente e envereda para a marginalidade e para o crime.”
FARIA JR., João. Manual de Criminologia. 2ª ed. Curitiba: Jaruá, 1996, apud NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. SP: Summus, 2003, p. 150.


Procura firmar a imagem de que são os negros os culpados pela miséria e violência em nosso país, quando é justamente o contrário, eles são as principais vitímas dessa estrutura histórica que permaece gerando tanto sofrimento em nosso país. Não é uma questão de vitimização, mas de compreender como estes mecanismos ideológicos favorecem o racismo.


“Só os africanos e os índios conservam os seus usos e costumes e fazem deles com os novos um amálgama indissolúvel. Nas suas ações hão de influir poderosamente as reminiscências, conscientes ou inconscientes, da vida selvagem de ontem, muito mal contrabalançadas ainda pelas novas aquisições emocionais da civilização que lhes foi imposta.”
LYRA, Roberto; ARAÚJO JR., João Marcello. Criminologia. 4ª ed. RJ: Forense, 1995, apud Idem.


Aqui é só um exemplo da atuação do racismo, de como ele está entranhado em nossas relações sociais mais ordinárias, bem como no pensamento "científico", autorizado da criminologia, contribuindo para a permanência do racismo institucional. Alguém se lembra do caso do Odontólogo, assassinado pela PM de São Paulo (http://www.frente3defevereiro.com.br/), dos vários jovens soteropolitanos assassinados pela polícia, culminando no movimento "reaja ou será morto" (http://www.irohin.org.br/imp/n10/16.htm), do caso de Jonas assassinado pelo segurança de uma agência do banco Itaú no Rio de Janeiro (http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25502188) (http://www.observatoriosocial.org.br/conex2/?q=node/1528)?


São casos específicos que demonstram a urgente necessidade de transformação. Muita coisa já foi conquistada pelos movimentos negros (Lei 10.639, que torna obrigatória o estudo da História e Cultura Afro-brasileira, bem como da Educação para Relações Étnico-Raciais, por exemplo), mas é preciso muito mais.


Pense nisso! Pense no que você tem haver com isso!








sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Refresco à memória

O buraco de 20 bilhões - Eurico Barbosa

16/06/2009

Quando começaram a se tornar evidentes os sinais do espectro financeiro negativo do Estado de Goiás, ao final dos oito anos de governo do sr. Marconi Perillo, o ex-governador, hoje senador, procurou jogar a culpa no secretário da Fazenda Othon Nascimento Júnior. Este concedeu entrevista defendendo-se. Salientou, com toda razão, que a função dele, como dirigente fazendário, não era a de ordenador das despesas, mas, sim, de cuidar da arrecadação, ou seja, da receita. O autor das ordens de despesas era o chefe do Executivo, o governador. O sr. Marconi Perillo não teve como contestar. Assim como não pôde negar que Othon Nascimento Júnior fora o negociador do acordo com o Banco Itaú, mediante o qual esta instituição bancária respondeu pela folha de pagamento do funcionalismo em um momento de suma gravidade para as finanças goianas, como contraprestação do direito de ser a depositária da arrecadação do Tesouro estadual.

Hoje, graças à transparência do governo Alcides Rodrigues, à sinceridade do secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, sabe-se que o endividamento do governo anterior – que paradoxalmente se autodenominava Tempo Novo – atingiu à fantástica soma de 20 bilhões de reais e que Goiás arcava com déficit mensal de 100 a 110 milhões. Digo arcava porque, na semana passada, foi revelada a superação de tal déficit como consequência do rigor na economia de gastos posta em vigor na gestão atual. Saudemos a ótima notícia.

Por que o Estado de Goiás deve 20 bilhões, uma dívida que nunca foi negada? (Os números revelados pelo atual governo não foram desmentidos.)

Eis uma pergunta que é fácil de se responder genericamente, mas difícil de ter a resposta detalhada. Genericamente fácil porque se sabe que o governo anterior ao de Alcides Rodrigues, a fim de construir boa imagem pessoal do seu dirigente, que, no primeiro mandato, era candidato à reeleição, no segundo, a senador e, hoje, já é declaradamente postulante a voltar para o Palácio das Esmeraldas, praticava muito mais lances políticos do que administrativos. Quando, por exemplo, aconteceu a vitória de Iris Rezende na eleição de prefeito de Goiânia, imediatamente, ou seja, dois dias depois, o governador do Estado anunciou o subsídio parcial da passagem de ônibus. O órgão responsável por esse subsídio passou a ter prejuízo, tornou-se deficitário. Subsidiar para se endividar é uma política correta? Obter dividendos políticos sacrificando o erário é cômodo, é fácil. Mas não atesta bom governo.

Já focalizei aqui que aquele governo estipendiava cerca de 400 órgãos de imprensa falada e escrita, inexpressivos jornais semanários, quinzenários e até mensários e emissoras de rádio de audiência meramente local ou parcialmente regional. Tudo sem licitação.Em quanto importaram esses gastos injustificáveis naqueles oito anos? Claro que foi um montante grande, mas impossível de se detalhar, pois não houve transparência, não foi tornado do conhecimento público.

O até hoje ocioso Centro Cultural Oscar Nyemeier foi inaugurado em abril de 2006 e até hoje é obra não concluída. E ficou pelo dobro do preço orçado no início.

Ninguém sabe e ninguém explica por que Goiás passou a dever 20 bilhões de reais. Mas todo mundo sabe, todo mundo vê que nada se fez de 1999 a 2006 com relação a obras de infraestrutura. Esta, a infraestrutura econômica e administrativa do nosso Estado, se construiu ao longo de várias décadas, pelos governos Pedro Ludovico Teixeira, Jerônimo Coimbra Bueno, José Ludovico de Almeida, José Feliciano, Mauro Borges Teixeira, Otávio Lage de Siqueira, Leonino Caiado, Irapuan Costa Junior, Ary Valadão, Iris Rezende, Henrique Santillo e Maguito Vilela. De 1999 a 2006, em termos de construção infraestrutural, nada foi construído. Adotaram-se até algumas medidas simpáticas, politicamente rentáveis. Mas não há como justificar o buraco de 20 bilhões.

Eurico Barbosa - é escritor, presidente da AGL, advogado, jornalista e escreve neste jornal às terças-feiras (eurico_barbosa@hotmail.com)

http://www.dm.com.br/materias/show/t/o_buraco_de_20_bilhoes

Veja ainda no Youtube:

Acusações da PGU: http://www.youtube.com/watch?v=_gFGEKvETvo

Dinheiro da Educação: http://www.youtube.com/watch?v=RcbqyI7Bu-k&feature=related

Corrupção: http://www.youtube.com/watch?v=hQWEmKP9xEA&feature=related

Papéis!!!

Fico a imaginar o papel da Universidade para a mudança desse estado caótico em que se encontra a educação básica, o foco deste artigo que venho socializar com vocês. Pois inseridos nos "centros de saber e produção de conhecimento" reproduzimos preconceitos, egoísmos, e mais do que construir pontes, aprofundamos os fossos. Me lembro de uma reunião em que se discutia o estágio curricular e um colega argumentava porquê não poderia desempenhar a função de professor na área, pois não iria se sujeitar à "selva" das escolas públicas.
Hoje em matéria do jornal Hoje, sobre a depredação de uma delegacia em Cururupu no interior do Maranhão, a todo instante a repórter remetia-se à selvageria das pessoas que agiram, mas não por serem selvagens, mas sim pela desconfiança na polícia, na justiça de seu estado, mas também do Brasil. O incoformismo e a ação revoltosa contra a apatia, e o sentimento de injustiça, sempre são taxados de vandalismo e selvageria, aparecendo aí os traços do racismo que é a base da estrutura desigual e autoritária de nosso país e do próprio sistema-mundo. O que me fez lembrar outro episódio onde um grupo do MST visitou uma faculdade de "ciências humanas e filosofia” e o diretor pediu para fechar as portas para que os vândalos não entrassem no espaço público.
Produzir saber, educar podem e devem ser saídas para a melhoria das condições de desrespeito a dignidade humana, mas será que estamos no caminho certo? O artigo abaixo longe de ser mera coincidência é o espelho do que vivemos em Goiás. Comparando os editais para o cargo de professor de educação básica de Goiás (para cadastro de reserva) e Tocantins (2.198 vagas) percebemos como aqui o desrespeito começa com o vencimento que é praticamente a metade do nosso estado irmão. Um professor com 40 horas em Goiás irá receber R$ 1.209,08 (20 horas= R$ 604,54), enquanto lá chegaria a R$ 2.181,60 (20 horas= R$ 1.090,80), é brincadeira? Não. É a política dos coronéis. O episódio do senador fazendo gestos de que o dinheiro da educação estaria no bolso é exemplar.


O Tempo, 27/08/2009 - Belo Horizonte MG
O professor e seu papel
Walakson A. Simões

Com dez anos de experiência, acredito que a educação está passando por um período crítico, de grandes conflitos. É preciso repensar. Antes, possuíamos uma educação extremamente punitiva e excludente. Hoje, estamos atravessando um processo de mudanças que visa à inclusão social, respeito às diferenças e valorização das habilidades múltiplas. Porém, devido aos falsos conceitos e preconceitos arraigados, ainda engatinhamos rumo a uma educação verdadeiramente inclusiva e de qualidade.
A repressão excessiva e a punição foram substituídas por um excesso de liberdade. O próprio sistema capitalista corrompe as crianças e os jovens diariamente, incentivando o consumismo, como se o ter fosse mais importante que o ser. Os jovens estão perdidos, implorando por limites. O ter não preenche o vazio existente. Crianças e jovens não possuem maturidade para compreender tal fato e se sentem cada vez mais sem referência. Aumentam a frustração e a falta de perspectiva. O professor não está dando conta de tantos papéis: ser pai, mãe, amigo, psicólogo, assistente social, entre vários outros. Criou-se uma escola para todos, que visa atender à demanda dos alunos, mas não foi equipada para tal. Existe a necessidade de profissionais preparados para atuar em parceria com os professores. O número de mestres com problemas de saúde é preocupante. Não existe tempo para o planejamento e troca de experiências, para o atendimento às necessidades individuais dos alunos. A educação inclui o conhecimento acadêmico, mas também o lado humano.

A escola é o primeiro ambiente que uma criança freqüenta longe de seus pais e deveria ser um espaço agradável. No entanto, os ambientes físicos são os piores possíveis. Salas de aulas reduzidas em relação ao elevado número de alunos, carteiras desconfortáveis, a maioria com quadro negro e giz, telhados de amianto e péssima circulação do ar. Não existem áreas de lazer adequadas, enfim, há uma série de irregularidades. As políticas governamentais objetivam, na maioria das vezes, interesses quantitativos, números que podem ser convertidos em "bônus". Quanto maior o índice de pessoas com diplomas de escolaridade, maiores são as verbas repassadas às diversas instâncias do Poder Público. O qualitativo é, na maioria das vezes, ignorado. Exames em nível estadual e nacional são aplicados periodicamente para avaliar o grau de desempenho dos alunos. Quais são as regras usadas nessas avaliações? Como uma mesma avaliação pode ser aplicada sem considerar as diferenças socioeconômicas e culturais de cada comunidade? As teorias educacionais minimizam o problema, ao responder às questões atuais, delegando aos profissionais da educação responsabilidades que não são especificamente deles, e, sim, reflexo da conjuntura econômica e social. Punir e culpar o professor por um fracasso que é reflexo de uma sociedade consumista, desigual, desumana, competitiva.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Nos 33

Cheguei à dita idade de Cristo. São alguns anos de estrada e ainda não tenho uma definição de meus projetos futuros, o presente me engole, o passado me consola, mas não sei mesmo onde quero chegar...
Nos últimos anos estou envolvido com o magistério, sou professor PIII pelo Estado de Goiás, mas não me sinto um escolhido pelo dom ou pela predestinação, e o descaso e a falta de reconhecimento para com o nosso trabalho tem contribuído para uma diminuição das expectativas enquanto profissional da educação. 
Contribuiu para aumentar a desilusão uma conversa com uma colega que hoje a três anos para sua aposentadoria, com mestrado e trabalhando como Diretora, portanto, quase dedicação exclusiva, seu salário não chega a dois mil reais. Piora mais ainda quando comparo nosso vencimento com o da polícia militar ou civil, que é bem maior quase o triplo. Não que os policiais não mereçam, mas nós como educadores merecemos muito mais. 
Infelizmente a educação ainda será por algum tempo uma moeda de troca para candidatos se elegerem às nossas custas.
O que fazer então! Prestar concursos para a esfera federal e deixar o estado? E é o que eu tenho feito, mas até quando continuaremos deixando a educação básica em âmbito estadual por não termos expectativas de boas condições de trabalho, salário digno, plano de carreira descente, possibilidades de formação contínua e de qualidade? 
Caso ocorra tais mudanças poderemos contribuir para levar educação de qualidade a todos que dela nescessitam, mas enquanto não muda, continuaremos fracassados, sem esperança e adoencendo como temos visto com inúmeros colegas com depressão, stress, afonia, ler, dort e burnout...

sábado, 16 de maio de 2009

O cerrado!

O Bioma Cerrado localiza-se principalmente no Planalto Central do Brasil. Ocupa 24% do território nacional, pouco mais de dois milhões de quilômetros quadrados. Segundo estudos atuais, restam 61,2% desse total, em áreas distribuidas no Planalto Central e no Nordeste, estando a maior parte na região Meio-Norte , nos estados do Maranhão e do Piauí. Existem áreas de Cerrado também em Rondônia, Roraima, Amapá, Pará, bem como em São Paulo. É a segunda maior formação vegetal brasileira depois da Amazônia, e savana tropical mais rica do mundo em biodiversidade. Além disso, o Bioma Cerrado é favorecido pela presença de diferentes paisagens e de três das maiores bacias hidrogáficas da América do Sul. Concentra nada menos que um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais.