quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

EDUCAÇÃO E CRIATIVIDADE

http://proseandocomtics.blogspot.com/2010/10/tecnologia-no-contexto-educacional.html
Talvez nunca a educação escolar esteve tanto na boca das pessoas como em nosso momento atual. 
No Brasil em todas as escalas sociais, nas mais diversas regiões do país, as pessoas concordam que a educação escolar é extremamente importante para transformar ou manter certas condições e modos de vida. O camponês sem terra almeja que seus filhos acessem a educação escolar para não viver a mesma vida do que seu pai. A mãe tenta convencer a filha a se dedicar nos estudos para não passar pela mesma situação de sua mãe, dependente do marido, ou excluída de um emprego mais rentável - ou mesmo do mercado de trabalho - por falta de diplomas ou escolarização. A família de classe média quer que seu filho vá mais longe do que seus pais e tenha um futuro promissor em alguma profissão que o faça prosperar ainda mais. Os ricos dão suporte para seus filhos desenvolverem suas habilidades, mas estão preocupadas com a necessidade de manutenção dos bens da família e se possível a sua expansão, já que no sistema que vivemos importa lucrar, ainda mais agora que as viagens espaciais são possíveis é preciso ter mais capital para financiar tais excentricidades. Sem falar em como os professores e sindicatos, os políticos e as ongs tratam da educação escolar.
Não vamos entrar aqui nos aspectos históricos, sociológicos, psicológicos, econômicos ou políticos da questão, mas simplesmente refletir sobre o que poderá nos legar a educação da forma como hoje estão organizados os sistemas educacionais, sobretudo o sistema público. O rapper Mano Brown do grupo Racionais MCs em uma entrevista dada a revista RapBrasil a alguns anos atrás, ao ser perguntado sobre sua aposta e esperança na educação apresentada em algumas de suas músicas, afirmou que havia mudado de opinião e que não via solução. Para Brown somente a destruição da escola para recomeçar do zero poderia transformar o sistema educacional em algo útil para as expectativas da comunidade negra e pobre do país.
Em um primeiro momento achei absurda aquela ideia, mas os meus alunos corroboravam e reafirmavam essa ideia no dia-a-dia da escola - os sinais eram claros, escreviam nas paredes afim de deixar suas marcas em um ambiente cinza e sem vida; desafiavam coordenadores para continuarem usando bonés ou camisetas que não fossem do uniforme; dormiam em sala de aula demonstrando sua indiferença às aulas enfadonhas e sem sentido para suas vidas; reclamavam da repetição dos mesmos conteúdos, da necessidade de copiar em seus cadernos; do lanche sem variedade e de qualidade duvidosa; clamavam por recreios mais longos, por mais aulas na sala de informática, para que tivéssemos mais filmes, mais música, para que pudessem ficar na quadra ou na recreação por mais tempo - demonstravam que Brown estava correto em sua avaliação do sistema educacional brasileiro: a escola não faz sentido para as crianças e jovens, sobretudo quando se é pobre e negro.
Ken Robinson, um inglês especialista em educação e criatividade, por outro caminho confirma a ideia de Brown e de meus alunos, ele afirma que os sistemas educacionais com seus modelos baseados no princípio industrial, na linearidade e na padronização - a educação fast food - não alimenta nossas energias e nossas paixões. Isso porque esse sistema esta voltado para a capacidade acadêmica, hierarquizada, e principalmente descorporificada, pois é um sistema que visa os alunos como meras cabeças, pura cognição.    
Robinson chama a atenção para um problema sério: as escolas estão matando a criatividade e de outro lado propõe uma revolução no processo de ensino e aprendizagem. Ele relembra que a inteligência é diversa, dinâmica e distinta e que os sistemas educacionais dentro do modelo industrial não conseguem dar conta de uma educação na totalidade, pois privilegiam certas áreas do conhecimento em detrimento de outras. 
As reformas educacionais que estão sendo propostas ou gestadas hoje no Brasil confirmam essa ideia ao diminuírem cada vez mais as cargas horárias das áreas de humanas, de artes e educação física - mas mesmo dentro dessas disciplinas existem certas hierarquizações valoriza-se certos aspectos - no meu tempo por exemplo os meninos monopolizavam as aulas de educação física com os jogos coletivos com bola, mas até as meninas, que na maioria das vezes ficavam de fora dos times, preferiam essas aulas do que os polichinelos, e os demais exercícios da ginástica militar que nossos mestres nos ensinavam.
Ken Robinson também propõe uma reforma, uma transformação, enfim, uma revolução na educação - inclusive o atual secretário de educação de Goiás também almeja e propagandeia uma revolução no sistema público, porém, ao que me parece, no sentido de reafirmar o modelo fast food. A revolução de Robinson está baseada em uma perspectiva do sucesso e prosperidade humanas, um princípio também questionável, portanto, não desenvolverei esta questão aqui. Neste sentido, ele afirma que é preciso passar do modelo industrial para um modelo baseado no princípio da agricultura, pois a prosperidade humana não seria um processo mecânico, mas sim orgânico. E uma vez que não se pode prever o processo de desenvolvimento humano, o importante é criar as condições para o pleno desenvolvimento da criatividade, das habilidades e da inteligência humanas. 
http://gardenia-te100h.blogspot.com/2011/05/charge-momento-de-discontracao-e.html
Assistam as conferências realizadas por Ken Robinson em que ele discute essas idéias e uma animação interessante baseada em uma de suas conferências onde apresenta a necessidade mudar o paradigma que fundamenta o sistema educacional, a partir do pensamento divergente. Creio ser interessante para refletirmos sobre a escola, seus sujeitos e suas relações com o mundo atual, sobretudo no âmbito do desenvolvimento tecnológico.







segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mapa musical da Colômbia pela SoundWay


Copiei o mapa do Bate Estaca de Camilo Rocha, ele foi produzido pela SoundWay, um selo musical que tem a missão de compilar, resgatar e difundir músicas que segundo o proprietário Miles Cleret estariam na berlinda para desaparecerem. Segundo Camilo Rocha é um selo de 'globalismo vintage'. Cleret seria uma espécie de Mario de Andrade do século XXI, mas em proporções globais, e reeditando as músicas em vinil e cd confiram o catálogo.
E por falar em Mário de Andrade, o Sesc-SP disponibilizou o acervo musical recolhido durante a Missão de Pesquisas Folclóricas realizada em 1938 quando Mário era chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Clique na imagem abaixo para conferir: