domingo, 30 de agosto de 2009

Não somos racistas?



Acontecimentos recentes reafirmam mais uma vez nosso racismo e a violência produzida por ele contra o povo negro no Brasil.
Os diversos casos no Carrefour:


Episódio recente envolvendo PMs e um adolescente negro no Rio:


Esse racismo está registrado e é difundido nos cursos de direito e de formação da polícia, como bem demonstra estes exemplos de dois manuais de criminologia:
“Passado um século dessa abolição, o negro ainda não se ajustou aos padrões sociais e o nosso mestiço, o nosso caboclo, em geral é indolente, propenso ao alcoolismo, vive de atividades primárias e dificilmente consegue prosperar na vida. É este tipo que normalmente migra e forma as favelas dos grandes centros demográficos. Ele forma um vasto contingente, sem instrução e sem nível técnico, não consegue se firmar socialmente e envereda para a marginalidade e para o crime.”
FARIA JR., João. Manual de Criminologia. 2ª ed. Curitiba: Jaruá, 1996, apud NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. SP: Summus, 2003, p. 150.


Procura firmar a imagem de que são os negros os culpados pela miséria e violência em nosso país, quando é justamente o contrário, eles são as principais vitímas dessa estrutura histórica que permaece gerando tanto sofrimento em nosso país. Não é uma questão de vitimização, mas de compreender como estes mecanismos ideológicos favorecem o racismo.


“Só os africanos e os índios conservam os seus usos e costumes e fazem deles com os novos um amálgama indissolúvel. Nas suas ações hão de influir poderosamente as reminiscências, conscientes ou inconscientes, da vida selvagem de ontem, muito mal contrabalançadas ainda pelas novas aquisições emocionais da civilização que lhes foi imposta.”
LYRA, Roberto; ARAÚJO JR., João Marcello. Criminologia. 4ª ed. RJ: Forense, 1995, apud Idem.


Aqui é só um exemplo da atuação do racismo, de como ele está entranhado em nossas relações sociais mais ordinárias, bem como no pensamento "científico", autorizado da criminologia, contribuindo para a permanência do racismo institucional. Alguém se lembra do caso do Odontólogo, assassinado pela PM de São Paulo (http://www.frente3defevereiro.com.br/), dos vários jovens soteropolitanos assassinados pela polícia, culminando no movimento "reaja ou será morto" (http://www.irohin.org.br/imp/n10/16.htm), do caso de Jonas assassinado pelo segurança de uma agência do banco Itaú no Rio de Janeiro (http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25502188) (http://www.observatoriosocial.org.br/conex2/?q=node/1528)?


São casos específicos que demonstram a urgente necessidade de transformação. Muita coisa já foi conquistada pelos movimentos negros (Lei 10.639, que torna obrigatória o estudo da História e Cultura Afro-brasileira, bem como da Educação para Relações Étnico-Raciais, por exemplo), mas é preciso muito mais.


Pense nisso! Pense no que você tem haver com isso!








Um comentário:

  1. A discriminação racial é algo que me embrulha o estômago!Quem já sofreu(e sofre diariamente)situações explícitas de racismo, sabe bem quem são os verdadeiros e únicos "selvagens"!!!

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