sexta-feira, 24 de maio de 2013

PARA MILITÂNCIA DO GOVERNADOR MARCONI PERILLO "É MELHOR FECHAR A UEG"

A política em Goiás é baseada em estruturas conservadoras, fruto ainda do coronelismo e de uma visão tradicional. A capacidade de mudança é mínima, pois a própria população tem uma visão clientelista.

No facebook militância digital do governador Marconi Perillo responde críticas feitas por alunos da Universidade Estadual de Goiás ameaçando e argumentando ser melhor fechar a UEG. Dois dias depois estão deletadas as críticas e as o argumento ameaçador, nenhuma novidade em se tratando da relação estabelecida entre um governo e seus críticos.
Desde que a Operação Monte Carlo desbaratou esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal revelando forte influencia do bicheiro Carlinhos Cachoeira no governo do Estado de Goiás toda e qualquer crítica ao governador e aos atos do governo é tratada como calúnia, difamação que devem ser judicializadas. A liberdade de expressão, o avanço e a consolidação dos princípios democráticos em Goiás parecem comprometidas. Como as evidências abaixo parecem demonstrar:
- Nota do sindicato dos jornalistas contra a intimidação de jornalistas, aqui.
- Lista dos jornalistas processados, aqui.
- A defesa da judicialização foi feita pelos secretário Joaquim de Castro, leia aqui. E também pelo advogado do governador João Paulo Brzezinski, aqui. Vale lembrar que Brzenzinski teve seus bens retidos pois é suspeito de participação, junto com os ex-reitores José Izecias, Luiz Arantes e o ex-prefeito de Anápolis Pedro Saihum, em esquema de desvios de verbas da UEG, aqui.
- Mauro Marlin expõe a ambiguidade no discurso do PSDB sobre a liberdade de imprensa, aqui.
- Em blog de militantes do governador Marconi, afirmam que não há processo contra jornalistas, mas sim militantes, aqui.

A arrogância dos que apoiam o governo do "Avança Goiás" parece não ter limites, e alguns comentários nas redes sociais são sintomáticos. Ontem, 23 de maio, por volta das 20hs, a "Militância Digital que apóia o governador" e mantém a página Marconi Perillo Governandor no Facebook publicou uma foto com a mensagem: "A nossa missão é proteger o futuro dos jovens goianos", aqui.
Logo após a publicação alguns comentários apoiaram, outros criticaram a mensagem, que também foi compartilhada por algumas dezenas de seguidores. Porém, o que mais chamou a atenção foram as respostas dadas pela "militância digital" à crítica feita por alunos da UEG, onde desde o dia 25 de abril têm paralisadas as atividades em algumas unidades que aderiram à Greve Geral - mais informações, aqui.
As respostas já foram deletadas. A "militância" que respondeu aos críticos dizendo que se a mobilização na UEG e principalmente a inserção de críticas na página do Governador continuassem a Universidade Estadual de Goiás seria melhor fecha-la. O argumento ameaçador defendeu, ainda, que o fechamento da UEG contribuirá com mais verbas para o programa Bolsa Universitária.
Pelo jeito a militância defende a perspectiva do falecido ex-ministro da educação de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato de Souza - Idelber Avelar apresenta o que a grande mídia não falou do ex-ministro, aqui. A perspectiva é a neoliberal, onde é igual mercado e não um direito. Uma lógica que o Ministério da Educação da era Lula e Dilma parece ter mantido, apesar da ampliação do ensino público superior e dos institutos federais e dos concursos públicos ligados a tal expansão, um panorama aqui.
Vejamos o que disse a "militância digital":

Na sequência reafirmam a ideia de que é melhor fechar a UEG. Como se não houvesse mérito em quem escolhe fazer um curso nessa instituição. Para a militância digital o mérito é uma prerrogativa apenas dos bolsistas que estudam em faculdades particulares. Seriam os militantes bolsistas? Conquistaram a bolsa por mérito ou clientelismo? 
Percebe-se que não entendem nada de UEG. 
Vale lembrar que Marconi se arvora a ser o pai da UEG, porém, o que fez foi oficializar uma ideia gestada nas faculdades municipais e estaduais isoladas. Havia um desejo de professores da Uniana, da Feclem, entre outras, de criar uma universidade estadual. Porém, astuto o "Tempo Novo" percebeu que  tal projeto daria visibilidade e destaque para o projeto de distanciamento dos antigos governos do PMDB - partido de onde saiu Marconi - e serviria para consolidar a ideia de governo moderno. Porém, o que se viu foi a criação de um monstro. Sem planejamento, abriram-se unidades e polos da UEG ao bel prazer dos acordos entre governo estadual com alguns prefeitos, enfim, os critérios parecem ter sido clientelistas - hoje são 42 unidades.
Goiás à fora diversos cursos funcionaram e ainda funcionam de maneira precária, sem laboratórios, com bibliotecas defasadas, sem professores e servidores efetivos - os salários para temporários são uma vergonha e nem um pouco atrativos, alguns cursos funcionam sem o quadro completo -, ainda que haja uma promessa de concurso para esse ano não haverá uma mudança tão significativa. Para se ter uma ideia existem professores e servidores em contrato temporário que estão a mais de 12 anos na UEG.
Os comentários tornam-se ainda mais simbólicos porque são publicados em um momento em que alunos, servidores e professores em greve bloqueiam rodovias em vários pontos de Goiás, vejam aqui
Percebe-se que realmente há uma preocupação com o futuro dos jovens de Goiás, mas daqueles jovens que participam da militância em apoio ao governo, aos filhos dos correligionários, à base de apoio, aos puxa-sacos e bajuladores.
A pergunta que fica é: até que ponto esta perspectiva da militância é também a do governo de Marconi Perillo?
Aos que criticam e se opõem a esse estado de coisas deplorável sobram ameaças, processos... fico a imaginar Brzezinski como desembargador, tétrico!!!!

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