sábado, 13 de março de 2010

Pedofilia mulçumana?

Já a algum tempo circula pelas caixas de correio eletrônico uma mensagem denunciando o que eles chamam de pedofilia mulçumana. Um casamento de 450 casais, patrocinado pelo Hamas, onde homens entre 25 e 30 anos estariam casando com garotas com menos de 10 anos.
Uma das imagens que circulam junto com a mensagem é esta aqui:
Ao que me parece estamos ante uma questão de choque cultural ou de civilizações. Será que dá para julgarmos? Da mesma forma os mulçumanos também vêem aberrações em nossa cultura, como as roupas mínimas, a objetificação da mulher com seus corpos servindo para vender cerveja, carros, etc.


Ir além da condenação é importante, sobretudo para formadores de opinião, não acham?
Além do mais, será que são noivas mirins mesmo? Imagens não são tudo, pode ser outro evento e não casamento. Há ainda o que poderíamos chamar de cruzada evangélica contra os mulçumanos. Missionários travam batalhas na África e em vários países do globo para ganhar ou manter fiéis. E hoje a internet é um espaço para esta disputa. Os dois sites que são referência para tal notícia já confirmam o que suspeitei. www.thelastcrusade.org - site de protestantes dos EUA. www.deolhonamidia.org.br - site de judeus em português. A quem mais interessa difamar os mulçumanos? 
Prefiro ficar com Saramago:

Um terceiro deus
Creio que as teses de Huntington sobre o “choque de civilizações”, atacadas por uns e celebradas por outros aquando do seu aparecimento, mereceriam agora um estudo mais atento e menos apaixonado. Temo-nos habituado à ideia de que a cultura é uma espécie de panaceia universal e de que os intercâmbios culturais são o melhor caminho para a solução dos conflitos. Sou menos optimista. Creio que só uma manifesta e activa vontade de paz poderia abrir a porta a esse fluxo cultural multidireccional, sem ânimo de domínio de qualquer das suas partes. Essa vontade talvez exista por aí, mas não os meios para a concretizar. Cristianismo e islamismo continuam a comportar-se como inconciliáveis irmãos inimigos incapazes de chegar ao desejado pacto de não agressão que talvez trouxesse alguma paz ao mundo. Ora, já que inventámos Deus e Alá, com os desastrosos resultados conhecidos, a solução talvez estivesse em criar um terceiro deus com poderes suficientes para obrigar os impertinentes desavindos a depor as armas e deixar a humanidade em paz. E que depois esse terceiro deus nos fizesse o favor de retirar-se do cenário onde se vem desenrolando a tragédia de um inventor, o homem, escravizado pela sua própria criação, deus. O mais provável, porém, é que isto não tenha remédio e que as civilizações continuem a chocar-se umas com as outras.
http://caderno.josesaramago.org/

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