quinta-feira, 17 de junho de 2010

Estatuto da Igualdade Racial Domesticados ou demônios à solta

Ontem, dia 16 de junho foi aprovado o Estatuto da Igualdade Racial
Agência Senado - 16/06/2010 - Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas para negros nas escolas
Segue aqui o link para o blog Memorial Lélia Gonzales http://leliagonzalez-informa.blogspot.com/2009/12/estatuto-da-igualdade-racial.html 
Ao acessá-lo você irá se deparar com o canto/análise de Edna Roland. Edna Roland foi a relatora da III Conferência Mundial contra o Racismo realizada em Durban na África do Sul em 2001. Apesar do texto ser de dezembro de 2009, sintetiza bem como o acordo para a aprovação do Estatuto o domesticou, além do mais é uma possibilidade interessante de avaliar a atuação do Senador Demóstenes Torres, do Democratas de Goiás, como relator final do Estatuto na Comissão de Constituição e Justiça.

E por falar em Estatuto da Igualdade Racial e Senador de Goiás, porquê será que a imprensa de Goiás não nos informou sobre este fato muito sério que ocorre no Brasil e tem a cidade de Rio Verde em Goiás como protagonista do primeiro lugar em homicídios de jovens negros? Veja abaixo:
Níveis alarmantes de homicídios de jovens no Brasil


Um relatório publicado no Brasil revela que cinco mil adolescentes são assassinados, todos os anos, nas cidades e vilas do país, a maioria dos quais negros pobres e com pouca instrução.
O relatório foi publicado pelo Laboratório de Análises da Universidade Estatal do Rio de Janeiro, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, e o Observatório das Favelas.
Segundo a subsecretária brasileira para os direitos humanos, Carmen Oliveira, o índice de homicídios entre os jovens brasileiros é 30 vezes superior ao dos países europeus e as vitimas no Brasil têm, na sua maior parte, ligações com o comércio da droga, mais como consumidores do que traficantes.
O estudo, inédito, aponta a cidade de Foz do Iguaçu como o município brasileiro com o maior Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) - que mede a probabilidade de um adolescente ser assassinado.
De acordo com o levantamento, o IHA de Foz do Iguaçu é de 9,7 - ou seja, de cada mil adolescentes, 9,7 serão vítimas de homicídio na cidade antes de completar os 19 anos.

Foram recolhidass informações sobre as causas de mortes entre jovens de 12 a 19 anos de idade em 267 municípios, todos com mais de 100 mil habitantes.





O levantamento estima que 33 mil e 504 adolescentes brasileiros serão assassinados num período de sete anos, que vai de 2006 a 2013.
A estimativa foi feita com base em dados de 2006, considerando-se a hipótese de que as circunstâncias observadas naquele ano sejam mantidas.
Alerta
O estudo apresentado nesta terça-feira é o primeiro a estabelecer o IHA no Brasil. O valor médio do índice de adolescentes assassinados no país é de 2,03.
"Esta cifra por si só deveria ser suficiente para transmitir a gravidade do fenómeno no Brasil, particularmente se lembrarmos que o homicídio contra adolescentes deveria ser, em princípio, um facto extremamente raro em qualquer sociedade", diz o estudo.
Depois da Foz do Iguaçu (PR), as cidades com pior índice são Governador Valadares (MG) - com IHA de 8,5 - e Cariacica (ES) - com 7,3.
O município do Rio de Janeiro aparece na 21ª posição na lista, com IHA de 4,9, enquanto São Paulo fica em 151º lugar, com um índice de 1,4.
Segundo o professor da Uerf, Ignácio Cano, responsável pelo estudo, como as primeiras estatísticas só foram divulgadas nesta terça-feira, "ainda não é possível compará-la com números anteriores".
"Mas estamos a falar de números significativos, já que o ideal seria um índice próximo de zero", acrescentou.
Para chegar à estimativa de mortes, foram utilizados principalmente os dados do Datasus (Ministério da Saúde) e do IBGE.
Segundo Cano, o objetivo é não apenas tornar a pesquisa periódica, mas também sugeri-la a outros países da América Latina. "Aí sim, teremos uma base interessante de comparação", afirmou.
Negros
O estudo também indica que, entre os homens, a probabilidade de uma morte por homicídio é 12 vezes maior do que entre as mulheres.
Já a probabilidade de que um negro seja assassinado é duas vezes maior do que um branco, de acordo com o levantamento. A maior diferença foi constatada na cidade de Rio Verde (GO), onde a chance de um adolescente negro ser morto é 40 vezes maior.
Também foi calculada a probabilidade de um adolescente ser morto por uma arma de fogo. Em todo o Brasil, essa chance é três vezes maior, em comparação com outras armas.
Os homicídios foram responsáveis por 46% das mortes entre adolescentes registadas em 2006. As mortes naturais somaram 26% e os acidentes, 22%. Os números apontam ainda que 3% dos adolescentes mortos se suicidaram e outros 3% morreram de causas "indefinidas".

22 Julho, 2009 - Publicado às 01:47 GMT
Fabrícia Peixoto - Correspondente da BBC Brasil em Brasília

domingo, 6 de junho de 2010

Cultura em movimento por outro imaginário

No melhor espírito da construção de um imaginário descolonizado, da produção de um "outro pensamento" como sugere Walter Mignolo em Histórias locais, projetos globais, o Blog Maria Frô nos brinda com um excelente artigo sobre a África, Cultura popular e a histórica fixação de estereótipos e estigmas com relação à culturas e populações não-brancas. O trecho abaixo do artigo (Eu, Regina Casé, Chimamanda Adichie e Nossas Experiências no continente africano) é conclusivo:
Mas o que parou no tempo foram os nossos preconceitos, no sentido que criamos uma imagem cristalizada sobre o outro, seja este outro um povo que vive distante de nós, ou um grupo social que vive lado a lado conosco, mas que não faz parte de nossa classe, etnia ou outra diferença que nos separa. 

Posto o vídeo da conferência dada por Regina Casé sobre seu trabalho na produção do program "Minha Periferia" para o TED (para saber sobre o projeto TED acesse: http://www.tedxsaopaulo.com.br/.
TEDxSP 2009 - Regina Casé from TEDxSP on Vimeo.